sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OBRIGADO, CORAÇÃO VALENTE



Aquele verso, cantado em voz infantil, na noite de 21 de maio de 2008, ainda ecoa em minha mente: "Coração Valente, Guerreiro Tricolor, Washington é matador!". Era uma pequena criança, descendo as rampas do Maracanã, exaltando aquele homem que acabara de lhe dar a maior alegria de sua vida.

Era noite de Libertadores, noite da consagração de um ídolo. Ele estava a oito jogos sem assinalar um gol sequer. Diante do São Paulo, o Fluminense precisava exatamente de gols. E o primeiro veio logo aos 11 minutos, passe de Cícero, gol de Washington. O artilheiro encerrava seu jejum imenso. Uma hora e meia depois, o placar apontava: Fluminense 2, São Paulo 1. Por um capricho do regulamento, a vitória não seria suficiente para o Tricolor: faltava mais um gol.

Já nos acréscimos, Washington briga na área por uma bola que parecia perdida, ganha e passa a Maurício, que chuta e arruma escanteio. A cobrança de Thiago Neves é perfeita. A cabeçada de Washington é perfeita. O gol é perfeito. O Maracanã é varrido por uma onda de êxtase: o Fluminense está classificado à semifinal da Libertadores.

Anos antes, Washington recebera uma notícia cruel: não poderia mais ser atleta, devido aos problemas cardíacos. O futebol seria apenas passado para ele. Ali, no lugar de Washington, qualquer um teria aceitado o diagnóstico, como um daqueles duros golpes que a vida nos dá. Mas Washington se recusou a aceitar. Resolveu que continuaria jogando futebol. "Tomando todos os cuidados e precauções, será possível", afirmou dr. Constantini. E Washington continuou.

Na tarde de 5 de dezembro de 2010, Washington começaria a partida no banco de reservas. O artilheiro amargava mais um jejum de gols. Semanas antes, afirmara: "não quero ser o artilheiro, quero o Fluminense campeão". O zero a zero persistia, o título escapava.Muricy então colocou Washington em campo. Minutos depois, ele recebeu de Valencia, ajeitou, passou a Carlinhos e foi para a área. O cruzamento veio em sua direção, porém forte demais. Mexeu cada músculo de seu corpo para alcançar aquela bola, mas só conseguiu um leve desvio. Leve e santo desvio: foi graças a ele que ela sobrou para Emerson, que a empurrou para o gol. Fluminense campeão brasileiro de 2010.

Somente pelos dois jogos descritos acima, Washington já entraria no panteão de ídolos do Fluminense. Mas há mais: que tal o antológico gol de falta contra o Boca Juniors em 2008? Que tais seus três tentos contra o Náutico em 2008? Que tais os maravilhosos gols contra o Atlético Paranaense (3 em 2008, 2 em 2010)? Que tal sua assistência para Darío Conca contra o Grêmio em 2010?

Hoje, Washington anuncia sua aposentadoria. A luta inglória contra os problemas do corpo não valeria mais a pena. Agradecemos a ele por nos ter emprestado o seu Coração Valente. Devolvemos em perfeito estado, com uma novidade: a partir de hoje e para sempre, ele bate em verde, branco e grená.

Obrigado!

PC

Em 83 jogos pelo Fluminense, Washington marcou 45 gols.

Em 10 jogos pela Seleção Brasileira, Washington marcou 3 gols.

Foi artilheiro do Campeonato Paulista (2001), da Copa do Brasil (2001), do Campeonato Brasileiro (2004, 2008), do Campeonato Japonês (2006) e do Mundial FIFA (2007).

Pelo Verdy Tokyo, foi campeão da Supercopa do Japão (2005).

Pelo Urawa Red Diamonds, foi campeão Japonês, da Copa do Imperador, da Supercopa do Japão (2006) e da Liga dos Campeões da Ásia (2007).

Pelo Fluminense, foi vice-campeão da Copa Libertadores da América (2008) e campeão Brasileiro (2010).

Jogou também por Caxias, Internacional, Ponte Preta, Paraná, Fenerbahçe, Atlético Paranaense e São Paulo.
Postado por PCFilho às 11:00

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