quarta-feira, 14 de julho de 2010

MARTINS NAPOLEÃO



Benedito Martins Napoleão do Rego nasceu no dia 17 de Março de 1903 no município de União(PI). Filho de Artur Napoleão do Rego e Olímpia Martins do Rego. Foi professor, poeta, jornalista e tradutor. Formado em Direito, também foi Inspetor Federal de Ensino, Secretário Geral do Estado, Interventor Federal, Consultor Jurídico do Banco do Brasil e advogado da antiga Superintendência da moeda e do crédito. 

Presidiu a Academia Piauiense de Letras. A sua matriz era a literatura inglesa (Kids, Coleride), no qual ele se inspirava muito. Por conta de seu contorno filosófico e de seu plano ideológico, poucos conseguiam penetrar em sua literatura. O grandioso Martins Napoleão viveu parte de sua infância e adolecência aqui no Piauí. 



"Esses valores da terra em sua poesia é o idílico que está presente. Às imagens que guardou de sua União campestre, da sua União cheia de natureza. Ele faz com que isso jorre de forma tão romântica, tão intensa que você não consegue ver nada de banal nisso, mas tudo de grandioso. Penso que a família é que dá origem a religiosidade, como já disse, e essas imagens retiradas da infância e da parte da adolescência que fazem grandiosa a sua poesia" - afirma Herculano Moraes. 

Clique no link abaixo e veja uma entrevista com Herculano Moraes, a respeito do injustiçado unionense Martins Napoleão:http://www.portalentretextos.com.br/dicionario-de-escritores/martins-napoleao,49.html 



Em 30 de Abril de 1981, falece no Rio de Janeiro o ilustre e grandioso Benedito Martins Napoleão do Rego. Ele deixou grandes obras, entre as várias, destaca-se como as principais, 



O Cancioneiro Geral, 1981, reúne sua obra poética, composta, entre outros, por Copa de Ébano, 1927; Poemas da Terra Selvagem, 1940;Caminho da Vida e da Morte, 1941 e Prisioneiro do Mundo, 1953. Faleceu no Rio de Janeiro em 1981. 



Poemas da Terra Selvagem 

1940 



Prelúdio 



As árvores aqui são tão altas 

que as estrelas cansadas dormem nos seus galhos. 



E há tanto silêncio nos seus vales 

que o sol da tarde pára, admirado, em cima das montanhas. 



Os pássaros têm um canto tão bonito 

que a madrugada nasce mais cedo para os ouvir. 

E a noite é tão clara 

que as almas pensam que seja um lago de se banharem. 



Há tanta riqueza 

que as águas mortas dos pauis brilham de noite 

fabulosamente: 

é um delírio tão grande como o da febre dessas águas. 



A luz, de tão intensa, 

atravessa a alma dos meus patrícios: 

é por isso que há tantos poetas 

na minha terra. 

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O Amor 



Aqui, o amor 

é brutal e violento 

como o sol do meio-dia 

na posse plena da terra. 



É como o sol que seca as fontes. 

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Caminhos da Vida e da Morte 

1941 



Cabem muitos amores 



Em cada coração cabem muitos amores, 

como todas as cores cabem em nossos olhos 

e todos os sons em nossos ouvidos. 



Para nós, uma cor e um som apenas 

não seriam, com certeza, a vida 

mas a monotonia melancólica da eternidade. 

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Versículos de Salomão 



Eu pensava nas coisas eternas: 

na essência da verdade e da beleza. 



Eu pensava nas coisas eternas, 

quando ofereceste a boca matinal 

à sede do meu beijo. 



(Como posso, Senhor; recusar, sem soberba, 

o fruto macio e orvalhado 

que a árvore dadivosa atirou aos meus pés?...) 

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Última noite de festa 



Ao fim de tudo, na hora serena, 

se apagarão os meus sentidos 

como lâmpadas de festa. 



As sombras entrarão 

e a casa ficará vazia... 

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Postado em: http://historiadeuniaopi.blogspot.com  (Antonio Félix)

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