segunda-feira, 25 de abril de 2011

A VAIDADE DOS FALASTRÕES



Não obstante a falta de modéstia, característica comum a todos que apresentam esse traço, a natureza vaidosa relega a uma posição sem importância o ditado popular que se consolidou durante os séculos do processo de formação da cultura ocidental: “o que sai da tua boca é puro veneno”. Palavras são comprometedoras, são poliedros de mil faces e constantemente a sonoridade não representa a intenção, isto é, nem sempre comungamos os mesmos valores e significados das palavras. A intensidade de uma locução pode alterar instantaneamente o seu significado, a expressão perde o sentido e tem valores alterados, ou, deturpado pelo expectador atento. Nosso julgamento é rápido e perverso para com os falastrões. Com freqüência habitual o vaidoso sente a necessidade, eu diria quase doentia de ser notado de ter as suas qualidades apreciadas em público, da mesma forma não é raro vê-lo dissimuladamente ampliar suas proezas convencido da sua superioridade em relação aos demais.

Discorre sobre qualquer tema com tal perfeição que consegue convencer o mais incrédulo inquiridor, pois, às vezes, o vaidoso falastrão tem um contato muito próximo com o tema em debate. Isto, quando não apresenta argumentos fúteis baseado em supostas referencias bibliográficas, cuja maioria dos atentos sequer ouviu falar. É um ator com o poder de convencimento nato. O senso comum, que não cogita uma análise detalhada, fica arrebatado com a sua interpretação. A vontade suprema do vaidoso é ser enxergado acima daquilo que ele realmente representa, sonha em ser reconhecido em cores latentes. Para um observador atento com sedimentação literária e experiência de vida, o mesmo não passa de um porta bandeira que cambaleia em falso passos que o expõem ao ridículo.

Mas, ele segue não se intimida, há casos em que a máscara é ousada, atrevida. O vaidoso contumaz aproveita todas as oportunidades para expor os pretextos pelos quais reclama para si todos os louros, atributos que por vezes não resistem a uma simples investigação por serem inteligíveis e contraditórios; subestima constantemente os ouvintes sem qualquer parcimônia, ostenta de modo repetitivo e desnecessário tudo que supostamente possui em grau elevado, e por vezes, mediante falsas pretensões às qualidades que, não possui em grau nenhum. Corteja, estuda com paciência como agradar e estar sempre associando o respeito, o talento e a virtude ao poder ao materialismo. Assim, sua imagem vai sendo construída. Sua vaidade delicia-se em ver a si mesmo.

Na imensidão da diversidade cultural e pelos estudos já feitos sobre os estágios de evolução da raça humana, encontramos casos excêntricos em que o poder e a potência dos homens estão diretamente associados ao volume do saco escrotal, o falastrão vaidoso é aquele que não hesita um só momento e altera a dimensão do invólucro para evidenciar sua capacidade hipotética. Isto seria um vício? Um hábito? Ou um caso patológico? Em todo caso, receio, que são criaturas dignas de comiseração da nossa piedade e que necessitam com urgência de um tratamento psiquiátrico.

Jota.

carnaval de 2009.

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